O Caravelle

O Caravelle

Na corrida do jato, o ICARO nocauteou o CORINGA

O PP -VJC foi recebido em 1959, com demonstrações de júbilo nas principais capitais do pais, tendo na cabine de comando um quarteto consagrado na história da Varig – com  Lili Lucas de Souza Pinto, no comando, juntamente com Geraldo Werner Kinippling, Waldemar Carta e Omar Lindemeyer, todos com cursos de aperfeiçoamento nos mais importantes centros aeronáuticos da França e da Inglaterra. Logo após a chegada, ainda no mês de setembro, a Varig realizou o voo de inauguração com o Caravelle, fazendo a rota Rio-Brasília em 1h30min de duração. A Varig, mostrando a agilidade de Berta, foi a primeira empresa aérea da América Latina a encomendar o Caravelle e a terceira companhia aérea no mundo, abrangendo universo de 282 bandeiras.

O Caravelle PP – VJC desfilou charme nos aeroportos das grande capitais brasileiras. Em Porto Alegre um pouso que emocionou – Berta, dona Wilma e neta, tendo como pano de fundo o majestoso Caravelle. Ao lado, colegas do CTG Pagos da Saudade com seus componentes pilchados erguendo o pavilhão Rio-Grandense, numa escolta de honra.

Com o atraso na entrega do Boeing -707 a solução ficou com o Caravelle, tudo para manter o pioneirismo  da era do jato. Junto, o presidente Juscelino apareceu como grande parceiro. Quando tomou a decisão de comprar o moderno jato francês, Berta sentiu pressão política e dificuldade pra fechar o negócio. A aquisição dos aviões ficou na dependência de detalhes técnicos. Tornava-se indispensável a intervenção do governo no tocante a obtenção de câmbio. Quando tudo caminhava param desfecho satisfatório, alguma coisa acontecia emperrando a solução, conforme declarações do próprio Berta.

Berta, prometeu e cumpriu -recebeu a ajuda prometida e fez de Juscelino o presidente da era do jato da aviação brasileira.

Já tinha acontecido voo de demonstração em Porto Alegre, com absoluto sucesso. Berta teve que usar das mais variáveis artimanhas e alto poder de persuasão  para ultrapassar obstáculos que se afiguravam intransponíveis. A aproximação com o presidente brasileiro fortalecida através da viagem feita com o Constellation para as  três Américas, quando o líder da Varig foi um anfitrião generoso, pesou na balança. O Consulado francês no Brasil, também foi peça importante para o bom termo das negociações. Fazendo inúmeras experiências de voo no bi-reator, os técnicos da Varig confirmaram que se tratava do  melhor avião existente no mercado para .iniciar a era do jato no Brasil

Uma indagação fazia-se necessária – Por que a Varig apostava no Caravelle, quando já esperava o Boeing  –  707 , jato de primeira grandeza? Berta queria, antes de tudo, manter viva a trajetória pioneira da Varig. Guardava conhecimento absoluto do mercado internacional. Sabia que o futuro da  aviação comercial estava no jato Para complicar tinha a sombra da Panair, graças a informações privilegiadas que corria junto na esperança de chegar primeiro. Berta antecipou e trouxe o jato francês, criando uma troca de posições, invertendo a ordem das coisas, sem prejuízo algum.

Mais uma vez, o Icaro dava rasteira no Coringa.

Berta se rejubilava com a vitória e garantia::”Julgo que o Caravelle resolveu os problemas da aviação comercial  a jato, na sua concepção mais feliz. Possivelmente porque simplificou tecnicamente a asa, retirando de dentro dela qualquer elemento complementar, como são os motores e, com isso, consegue duas coisas- separou o lugar em que existem os tanques de combustível que estavam dentro das asas, evitando, assim, a possibilidade de fogo dentro das mesmas, em segundo lugar ao simplificar  a asa, introduziu na aviação comercial, elementos de barateamento, que têm grande efeito no custo da produção. E finaliza convicto –  ” A Varig esta seriamente interessada nestes aviões em seus serviços domésticos e internacionais. Em 5 de março de 58 o contrato com a Sud Aviation foi sacramentado em Porto Alegre.

Em solo gaúcho com o Caravelle da Varig – O pioneirismo sem barreiras vencendo a concorrência, antecipando a história. (Panair)

 O avião francês teve vida curta na empresa (apenas cinco anos por  uma série de razões – estratégicas e políticas  num capítulo à parte que o Tucaninho vai debulhar em detalhes) O jato, endeusado por Berta, fez seu último voo em novembro de 1963, deixando saudade.

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