Browsed by
Mês: Março 2024

A VARIG TINHA SALVAÇÃO

A VARIG TINHA SALVAÇÃO

FERNANDO PINTO E O  “CHUTE NO BALDE”

Quando Fernando Pinto tomou conhecimento da complicada  situação da Varig, analisando o Balanço do ano, levou um susto  com o tamanho do rombo. Sabia que era grande, mas não  exagerado. Resolveu dar um “chute no balde” alertando ao pessoal da casa e tornando público, através da imprensa, a verdadeira situação da empresa e as armas a serem  usadas para reverter a situação, empregando a estratégia do programa- AS CINCO LIÇÕES DE COMO SALVAR UMA EMPRESA EM CRISE – mostrando o tamanho do bicho e como enfrentá-lo, entes que o assunto virasse mistério com a inércia da empresa – dava ao nosso pessoal  um caminho à seguir, num voo rasante  Para tanto elegeu a coluna do  jornal Folha de São Paulo, numa iniciativa do colega Luiz Mór, muitas vezes antecipando decisões que eram projetos, escancarando segredos, antes da aprovação geral , coisa que começou a gerar desconforto.

VARIG ANUNCIA A DEMISSÃO DE 2.4 MIL FUNCIONARIOS (Folha de São Paulo)

O presidente, Fernando Pinto, declarou a coluna, que a Varig deverá demitir cerca de dois mil e quatrocentos funcionários caso  se confirmem as previsões de queda de 5% na receita. A Varig tem cerca de 20 mil funcionários, entre eles um grupo seleto de comandantes, vistos como  intocáveis. (Assunto de economia interna considerado “tabu” na Varig, exposto sem o aval do Conselho)

VARIG DEIXARÁ DE OPERAR NA PONTE AÉREA (Folha de São Paulo)

A Varig vai deixar o “pool” de empresas que opera na Ponte Aérea Rio- São Paulo depois da divergência com os parceiro a decisão  será anunciada hoje hoje pelo presidente da empresa Fernando Pinto O DAC afirma não ter sido comunicado da decisão. Mas um dos acionistas da Varig ouvido pela Folha de São Paulo. confirmou a informação. A Varig decidiu deixar o “pool” por divergência  com a Vasp e a Transbrasil. As duas empresas com as quais divide operação da Ponte Aérea. De acordo com  o diretor de divulgação e imprensa da empresa, Jorge Honório, “ainda não fomos informados de nenhuma decisão, por isso pensamos apenas em hipótese”. O  ministro José Botafogo (indústria e comércio)  disse não ter conhecimento da comunicação da poderá refletir em aumento das tarifas ou paralização do atendimento. (Autêntico samba do “Crioulo Doido”)

PRESIDENTE DA VARIG É MANTIDO NO CARGO (Folha de São Paulo)

O presidente da Varig, Fernando Pinto, deverá continuar na direção da Companhia, depois de divergência quanto a sua permanência. O presidente do Conselho Administrativo da Varig, Walterson Caravajal, ex-diretor de Recursos Humanos da empresa (o mesmo que o indicou) chegou a propor a substituição de Fernando Pinto, por Nelson Bastos (Grandene) Representantes da Fundação Ruben Berta (87%) se opuseram pela demissão, causada pela atuação durante a crise da desvalorização do Real  – A  Companhia teve prejuízo de 60 milhões de dólares nos nove primeiros meses do ano passado( (24/04/99) A dívida chega a 1.8 bilhões, parte em dólares com flutuação do câmbio, conforme balanço. (Assunto que começava a ser bem equacionado, mas não era suficiente)

Retrocedendo a história, com a decolagem inusitada do presidente Carlos Willy Engels, após  apenas  um ano de mandato, sem deixar explicação razoável o cargo ficara vago.  O primeiro da lista era outro gaúcho –  Fernando Pinto, que havia se destacado de forma impressionante na presidência da Rio -Sul  – antecipando uma decisão que já estava amadurecendo. A Fundação tornara-se Holding- empresa que detém a maioria das ações de outras  empresas e que possui domínio  de sua administração e política empresarial tendo controle sobre outras  pessoas jurídicas. Depois de Rubel Thomas, (seu último presidente histórico) a Varig, através da Fundação, alterou o sistema organizacional, destituindo a figura do presidente, mandatário absoluto ( que antes dominava os três poderes) fortalecendo um Colegiado, que tinha dificuldade de entendimento   – A  Fundação RB controladora acionaria do Grupo e do Conselho de Administração, passou a ser ocupado  por Walterson Fontoura Caravajal, (ex-diretor de recursos humanos) e o engenheiro Edgar Nascimento Araújo, de relevantes serviços prestados à empresa.

Em  entrevista dada ao Jetsite, mesmo enfrentando ambiente de crise que atingia a aviação  comercial num todo, Fernando Pinto pós “mãos a obra” mostrando para que veio, no pouco tempo  que dirigiu a Varig (4 anos)- “Uma empresa dessas, perdeu o controle a coisa desanda”.-  Tínhamos problemas com o pessoal. Muita gente, por muito tempo, sem aumento ( resolvido na base do diálogo) O endividamento do balanço caiu de 2,4 bilhões para 950 milhões de dólares – A relação de endividamento com faturamento estava encaminhada. O produto estava muito ruim, defasado em relação a concorrência. Mudamos a frota. Os -B-747 foram todos substituídos pelos MD-11 – numa relação a custo beneficio.

A nova imagem corporativa adotada em 1996, ganhou relevância com a logomarca redesenhada com pintura dourado – ouro  passando a sensação  de nobreza, adicionando no azul escuro o nome Brasil, reforçando a identidade. Junto, o atendimento de bordo e em terra passou a receber cuidados especiais, recomeçando a conquistar seu público. Entretanto, tudo isso ainda não era sufuciente. O governo se mostrava reticente e faltava na Varig uma figura histórca, com influência política suficiente para reverter o quadro.  A PERSONAGEM TINHA NOME – CHAMAVA-SE OZIRES SILVA.

Fernando Pinto anunciou sua saída da Varig, em 11 de janeiro de 2000, em carta aos funcionários, com uma mensagem – TENHO CERTEZA QUE DEIXEI O GRUPO MOTIVADO COM GRANDES CHANCES DE SOBREVIVER- TENHO TRANQUILIDADE DE CONSCIÊNCIA PARA AFIRMAR ISSO – “A VARIG TINHA SALVAÇÃO”

FERNANDO PINTO E A RIO-SUL – O COMEÇO DE TUDO

FERNANDO PINTO E A RIO-SUL – O COMEÇO DE TUDO

ASSUMIR A PRESIDÊNCIA  DA RIO-SUL E DEPOIS DA VARIG, ERA COMO  ABRIR UMA ” CAIXINHA DE SURPRESAS”

A modernização da frota, com a aquisição dos jatos, deu a RIO-SUL projeção nacional,  competindo com a própria Varig, alcançando  lucros jamais contabilizados na rota do interior, tornando a figura de  Fernando Pinto, líder incontestável. A empresa foi fundada pela Varig e Top Taxí Aéreo  (24/08/76) atendendo determinação do governo para regularizar o sistema de aviação regional no País”.

A presidência da VARIG para Fernando Pinto, na ocasião, veio juntar-se ao sucesso da RIO-SUL que lhe abriu as portas para uma carreira meteórica, como uma caixinha de surpresas, considerando as proporções de uma regional e outra gigante internacional – Indicação  partiu de Walterson Fontoura Caravajal, presidente do Conselho da Varig, bem como do engenheiro Araujo , emprestando  total apoio.  – (Caravajal, na crise da Varig, foi o primeiro a pedir a cabeça do presidente, que ele havia indicado) O convite me pegou de surpresa. contou ele –  “Olha, quando entrei na RIO – SUL estava apenas preocupado em fazer meu trabalho recebendo a missão  numa novidade considerada incognita” De diretor técnico à presidência da RIO-SUL, em 92, sucedendo a Humberto Costa, foi consequência de uma atuação surpreendente, deixando escancarada a capacidade de liderança e inovação. Segundo declarações posteriores,  (Jetesete) ele revelou – “Não tinha nenhuma expectativa em assumir o cargo máximo tanto  na RIO-SUL, quanto na VARIG –  nesta última, mesmo sabendo que iria encontrar dificuldades em “clima de guerra”.

Em relação à VARIG, era uma empresa menor,  mais ágil, onde pode colocar em prática alguns dos conceitos que havia aprendido quando do estágio  na Airbus Industrie, para acompanhar o desenvolvimento da fabricação do A-300  experiência que lhe oportunizava chefiar  a divisão de motores no Rio de Janeiro – assumindo a direção técnica  e dai a presidência da RIO – _SUL  Representava atestado da sua capacidade  capaz de transformar uma companhia menor,  criada por imposição governamental do SITAR para regularizar o transporte aéreo regional,  fazendo a empresa alcançar excelência, atingindo o ápice no inicio dos anos 2000  levando a assinatura de Pinto, quando já se afastando, então para presidir a TAP, ao tempo que a  VARIG era consumida pela má gestão do seu substituto, cercado por dificuldades, após uma reestruturação confusa na Fundação Ruben Berta.

Pinto, revelou a imprensa,  que pela primeira  vez as rotas do interior do Estado passaram a ser  lucrativas, resultado  jamais alcançado em qualquer instância, valorizando empresa regional, algo  impensável nesse tipo de tráfico”. Com a chegada dos jatos Boeing 737-500 nos aeroportos centrais, “passamos a ganhar muito dinheiro,  chegando a um lucro que  ultrapassava de 20% sobre o faturamento” garantia ele.  Junto a isso,  Fernando Pinto lançava as raízes do que seria sua “bíblia”rezada em cada oração, sempre que enfrentava certo tipo de dificuldade”  –  5  LIÇÕES PARA SALVAR UMA EMPRESA EM CRISE que buscou aplicar na VARIG, sendo impedido no meio do caminho.

No  comando da RIO-SUL, Fernando Pinto empreendeu verdadeira  revolução, que foi desde mudança  na frota, incluindo o novo  o Fokker  50, turboélice da fábrica holandesa numa edição especial para atender a demanda crescente do mercado, com  avançado logotipo e pintura  moderna nas aeronaves.  Para enfrentar a concorrência da TAM, usou os jatos Boeing – 500. Fez completa remodelação  na configuração da cabine de passageiros, passando dos 133  para 108 assentos, gerando comodidade única que conquistava clientes  (estratégia de Berta, quando lançou o Super Constellation na rota de Nova York, derrotando a PANAM)

Em Porto Alegre, no inicio das atividades,  com o Bandeirantes, da Embraer, manteve sua estrutura técnica de manutenção em amplo hangar, dirigida pelo inspetor  Ademar Felippe, cedido  pela Varig, enquanto nosso grupo da Propaganda realizava uma eficiente campanha  de comunicação e marketing. Era desempenho conjunto  que dava fruto.  Entretanto, em 2004, em plena crise, a VARIG  absolveu a RIO_- SUL resultando dois anos depois  na sua exclusão, quando da falência da Varig, num episódio lamentável  marcando um dia negro para a história da nossa aviação comercial.

| TEASER | FERNANDO PINTO – UM VENCEDOR DERROTADO?

| TEASER | FERNANDO PINTO – UM VENCEDOR DERROTADO?

AFINAL, O QUE FEZ FERNANDO PINTO SER TOP DE MARKETING NA RIO-SUL – FRACASSAR NA VARIG E ALCANÇAR O APOGEU NA TAP, EM DECOMPOSIÇÃO ?

Aposentadoria me pegou de jeito, em 93. Entrei num período de abstinência, depois revivido com o livro Berta Os Anos Dourados da Varig. A saudade bateu forte, borbulhando na ideia do Blog – A Grande Família Varig (cachorro comedor de ovelha só matando) Da sombra nasceu a necessidade de acender dentro de mim a chama do jornalista investigativo, buscando esclarecer um episódio intrigante, tarimbado pela figura fascinante de Fernando Pinto, engrandecendo a história da aviação. Buscando na mídia da época, com algumas entrevistas, analisando depoimentos procurei desvendar o desafio, num episódio repleto de muitos Por que? trazendo aos nossos seguidores fieis, manchetes que não podia sonegar. No emaranhado das circunstâncias existiam detalhes valiosos de ambos os lados, Varig e a TAP, liderados por Fernando Pinto, oferecendo resultados conflitantes repercutindo em fracasso ou triunfo, revelando fatos digno de quebra-cabeças.
A GU A R D E M !

FERNANDO PINTO – CINCO LIÇÕES PARA SALVAR EMPRESA FALIDA

FERNANDO PINTO – CINCO LIÇÕES PARA SALVAR EMPRESA FALIDA

Uma das grandes vitórias de Fernando Pinto foi colocar tanto a Varig como a TAP no seleto grupo da Star Alliance. A Varig orgulhava-se em incorporar-se a essa gigantesca companhia virtual tendo um faturamento anual de 3 bilhões de dólares, servindo 121 cidades em 24 países, transportando 9,7 milhões de passageiros, numa média de 390 decolagens diárias – o que lhe valeu em 2006 o título de bicampeã como companhia aérea do ano.

PARA SAIR DA CRISE QUE CONSUMIA A VARIG, FERNANDO PINTO PÔS EM AÇÃO UM PLANO QUE IRIA LHE ACOMPANHAR PELA VIDA TODA – “CINCO LIÇÕES DE GESTÃO” PARA SALVAR UMA EMPRESA. BLOQUEADO NA VARIG. RECEBEU MATÉRIA DE CAPA DA REVISTA ÉPOCA NEGÓCIOS – “ COMO O GAÚCHO FERNANDO PINTO TRANSFORMOU A AGONIZANTE TAP – MAIOR ESTATAL PORTUGUESA, EM UMA COMPANHIA LUCRATIVA PRONTA PARA SER PRIVATIZADA”.

Quando assumiu a presidência da Varig, em 1995. Fernando Abs da Cruz Souza Pinto sabia das dificuldades que teria de enfrentar, mas ignorava o tamanho do buraco que ia se atolar. A passagem presidindo a Rio-Sul lhe dava cacife para uma gestão de qualidade. Era considerado revelação do “time” de casa – garoto com sangue pioneiro correndo nas veias, herdado do pai um dos maiores pilotos históricos da Varig do tempo dos planadores ao jato puro.

Entre os itens que pesavam na balança destacava-se o controle dos custos, coisa que ocupava, desde os tempos de Berta, a lista das grandes inquietações. Com Fernando Pinto não foi diferente, tornando-se matéria prioritária para quem buscava para a Varig uma reabilitação de poupança. Na época, a Fundação passava por uma grande reestruturação. Segundo a Folha de São Paulo (mais tarde usada pelo presidente como tribuna).

Premida pelas circunstâncias a Varig tinha pressa. Lutava contra o tempo e seus jatos despejavam querosene sem retorno, como lata de sardinha furada por todos os lados. E o governo ria à toa.
Na TAP apoiada pelo governo, o combustível sobrava. e Fernando Pinto podia dar vazão ao milagre da transformação aplicando seu programa das “Cinco Lições de Gestão” para salvar uma empresa em crise.

Cambaleante, cercado com a saída de Pinto, a Varig vinha mantendo tentativas de recuperação, alterando mudanças no seu comado, sem encontrar a bussola capaz de indicar o rumo certo a seguir. Dentro das prioridades das Cinco Lições” estava um item que marcava presença em todas as pesquisas.
Na oportunidade o presidente concedeu entrevista à nossa revista de bordo, Icaro, edição de ouro, quando a Varig completava seus 70 anos de vida. dando vazão ao seu espirito vocacionado à liderança. Vivia um estágio de euforia que contagiava.

Para uma empresa que tem um faturamento de US$ 3,3 bilhões, a nossa dívida de US$ 2,2 bilhões não é preocupante. Desde que a maior parte dela seja concentrada, como é o nosso caso, em aeronaves, seus bens de capital. Nossa preocupação é com uma parcela dessa dívida, que é de capital de giro, rolada do passado, e que precisa ser alongada para ter cada vez mais juros menores. garantia ele.

Fernando Pinto, através de um editorial, podia expressar toda a sua euforia pela comemoração da data simbólica, bem como ter a oportunidade de demonstrar sua satisfação pela conquista da primeira grande vitória no comando da empresas com o ingresso no seleto grupo da Star Alliance – capaz de lançar a Varig no cenário mundial da aviação, ao lado de gigantes, com marcas consagradas – United Airlines, Lufthansa, Scadinavian Airlines, Thai Airlines e Air Canada – num passo decisivo para o engrandecimento – detalhe considerado simbólico para sua gestão. Ser aceito como membro de um grupo formado por poderosas congêneres dava para a Varig abertura sonhada na sua expansão internacional.

Anos depois, ele foi cantar de galo em outro terreiro e portou-se tão bem que mereceu do governo português honrarias distribuídas a “chefe de estado”. Uma das ações priorizadas pela Varig era consenso geral, o enfrentamento dos altos custos, coisa pensada por Carlos Willy Engels no seu curto mandato, inspirando-se no êxito alcançado por Pinto na presidência da Rio-Sul, também deu continuidade ao controle dos custos. No complicado jogo de Xadrez que se metera a Varig não conseguia mexer as peças – morria de inanição – com a saída de Fernando transformou-se num tabuleiro sem Rei.

Com pilotos sobrando e aviões faltando, a Varig caminhava para a insolvência. Estatística do DAC (Departamento de Aviação Civil) tornada pública na imprensa gaúcha (Jornal/ O SUL) mostrava o quadro avassalador que dominava a Varig, perdida numa administração caótica – A empresa tinha um quadro de 1.923 pilotos para uma frota de 78 aeronaves, o que correspondia a média de 25 pilotos por avião, muito acima do padrão internacional que previa entre 6 a 10.

Considerando que não houve redução expressiva de profissionais e em contra partida entre 15 e 20 aviões deixavam de operar por motivos técnicos, reduzindo drasticamente o número de aeronaves, passando a média da companhia, nestes momentos, alcançar à marca inacreditável de 30 pilotos disponíveis por aparelho, mais que o dobro das companhias concorrentes – TAM (12 pilotos) – GOL (15 pilotos). Essa mão – de- obra qualificada da aviação respondia pela maior parcela dos custos da companhia, tornando praticamente inviável o esforço na missão de cortar os custos para equilibrar as finanças. ( continua)