NOS TEMPOS DE ANTIGAMENTE

NOS TEMPOS DE ANTIGAMENTE

PILOTO ALEMÃO

GREISS – FIGURA LENDÁRIA NO PIONEIRISMO DA VARIG 

Quando editava a revista Contato, da APVAR entrevistei dois pilotos históricos da época do pioneirismo da Varig – Rubens Bordini e Souza Pinto Para ambos o nome de Xavier Greiss surgiu como por encanto referenciando a figura inesquecível do piloto alemão, consagrado no pioneirismo da Varig, num passe de mágica tirando da cartola, por apurada observação, soluções buscadas de uma forma constrangedora, superando instrumentos pela simplicidade.

No tempo dos F-13, a Varig tinha um comandante  “égua madrinha” (pessoa que reúne ao seu redor outros, a quem aconselha quanto ao modo de proceder) –   Nessa época, segundo Rubens Bordini, voava muito com o comandante Xavier Greiss – um alemão que não podia atuar como comandante aqui no Brasil. Conseguira licença de mecânico de bordo e voava junto com os pilotos novos. Como os Junkers F-13 eram aviões lentos- 150 km//h –  qualquer  ventinho contra representava sério transtorno. Por isso ele exigia que os voos fossem feitos em baixa altitude onde o vento era mais fraco.

 

Os F-13 tinham cabine de comando aberta. O  piloto voava na chuva e no frio. O comandante Greiss usava um macacão de couro, que trouxera consigo dos tempos em que fora piloto de hidroavião, na guerra de 1914/1918. Esse macacão era tão seboso, que parava de pé sozinho. Seus bolsos começavam na altura usual e iam até o tornozelo. E todos os OAM (Boletins Meteorológicos)  que Greiss recebia metia-o nos bolsos há anos.

 

Certa vez, conta o nosso entrevistado-“estávamos em  Bagé, com o pior tempo possível e íamos cruzar a Serra para Pelotas. Ao embarcarmos, Greis retirou o papel do bolso e disse, com seu sotaque arrevezado – : “O tempo está bom em Pelotas, Vamos subir, voar por instrumento cerca de uma hora e descer sobre a Lagoa dos Patos onde o teto é alto. Dito e feito. Só que o tempo não estava bom e conseguimos contato apenas a 50 metros, com chuva e nevoeiro. Foi uma parada difícil achar o aeroporto de Pelotas. O Greiss espumava  de raiva contra o agente que lhe  fornecera aquele boletim.E quando foi reclamar do OAM em punho verificou que o mesmo datava de dois anos atrás (e deveria estar todo esse tempo arquivado nos seus bolsos)

 

Conforme  Bordini , em 1943, Berta descobriu e comprou três aviões que estavam parados no Brasil, buscando expandir seus voos.O mais avançado era ,um bimotor De Havillam tipo Dragon Rapid para seis passageiros e um mecânico radio – operador que sentava atrás do piloto. O avião voava em cruzeiro, alcançando a velocidade de 200 km/h Bordini contou que com esse avião, batizado de Chuí, foi inaugurada e mantida a linha Porto Alegre – Montevidéu , Era um avião equipado com Rádio –  Goniômetro. Berta então resolveu  confeccionar e publicar seu primeiro ( e único) manual técnico “Como  operar o Rádio — Goniômetro Marconi (do avião Chuí) O texto foi elabordo pelo Cmte Ruhl, os desenhos por Voelcher, a revisão técnica pelo Peixoto  e a revisão final por Ruben Berta – um verdadeiro time de peso- No fim vinha uma desilusão – RECOMENDA-SE NÃO USAR O GÕNIO MARCONI.

 

Nessa entrevista, o Cmte. Souza Pinto, assim como Bordini, para ilustrar como era o voo na época dos F-13 com o Cmte Greiss, contou alguns episódios que garantia não ser lendas nem,exageros; ” Voltávamos de um voo no interior e na etapa final  de São Gabriel para Porto Alegre, o tempo estava muito ruim. Tivemos que abandonar o voo por contato e subir dentro das nuvens para uma altura segura e o mais baixo possível evitando os morros e ao mesmo tempo procurar ver o solo e obter alguma orientação. Nada conseguimos enxergar a não ser muita chuva e nuvens. Chegava a hora de iniciarmos  descida para Porto Alegre e não era possível ver uma nesga  sequer do solo. Foi então que o comandante Greiss disse: “Pode descer, estamos sobre o Arroio dos Ratos. Perguntei eu-“Como sabe? Estou sentindo o cheiro das Minas de Carvão e elas só existem nessa região. Pode descer descansado. E assim foi. Quando conseguímos contato como solo, a pouca altura, estávamos já em terreno plano nas proximidades da cidade.

 

De outra vez voávamos dentro das nuvens e tivemos que descer até conseguirmos contato como solo para nos orientar. Estamos na rota, disse Greiss, logo que avistou  o solo. Como sabe? perguntei curioso, pois não havia visto uma referência sequer. O gado não está fugindo do avião. Se estivéssemos fora da rota o gado correria por não estar habituado com o barulho do motor, ensinou ele. Aprendi, assim, mais um método de navegação que não estava nos livros voo por comportamento vacum, sentenciou Souza Pinto

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