GUARDA MONTADA NOS ANOS PIONEIROS

GUARDA MONTADA NOS ANOS PIONEIROS

Figura que marcou época na história da Varig

Nos anos 60 enquanto a Varig avançava na modernidade dos jatos, convivia ao mesmo tempo com um contraste que remontava aos tempos do pioneirismo – a manutenção da Guarda Montada, que zelava pela segurança das pistas dos aeroportos garantindo o acesso das aeronaves. As atividades exercidas por esse grupo altamente adestrado na montaria existiram desde o tempo em que a Varig começou a operar com aviões terrestres. Somente em meados de 1958 eles passaram a ter sua função oficializada como tal, nos quadros de funcionários da empresa, justamente na véspera da chegada do Caravelle. Homem de poucas palavras e elevado número de conhecidos, audaz na hora necessária, mas gentil e terno para com. senhoras e crianças, era, juntamente com o representante da Varig, as personalidades mais conhecidas entre àqueles que viajavam para o interior, ainda agreste do estado sul- rio-grandense.

 

A Guarda Montada, como era conhecida, foi de grande valia para o estado do Rio Grande do Sul. Era realizada por homens que montavam seus próprios cavalos, Gaúcho campeiro, habituado com o rigorismo do vento Minuano e experiente nas lidas com os animais aliado ao conhecimento da região, assim era a figura dos primeiros guardas montados. Com a incorporação dos aviões Junker, a Varig iniciou na década de 30 a sua expansão para as principais cidades do estado. Os aeroportos dessas localidades estavam na sua maioria situados próximos às grandes fazendas de criação de gado. Embora houvesse cerca de arame delimitando as pistas a invasão dos animais era rotineira.

Para evitar que esse fato viesse a causar algum acidente sério foram introduzidos vigilantes, cuja função fundamental era cuidar para que nenhum animal invadisse a área da pista e da estação de passageiros. Sempre que necessário usavam da sua habilidade para consertar cercas, servir como ajudante transportando volumes em seu cavalo. – Do avião para o aeroporto Salgado Filho e vice-versa. No balcão era treinado para receber e emitir passagens, encomendas e correspondência Era também um excelente mensageiro, pois conhecia muito bem a região e, com seu cavalo, sempre se antecipava a chegada do automóvel, ou mesmo o substituía nos locais onde os “caminhos de terra batida” tornavam impossível o acesso de um veículo automotor.

 

Os estaleiros da empresa, em Porto Alegre, estavam localizados junto a diversos sítios cuja atividade principal era a produção de leite. Em razão disso, seguidamente, a pista onde os aviões taxiavam ficava invadida por animais de elevado porte (geralmente cavalos e vacas) criando, na maioria das vezes, situação de perigo para a tripulação e passageiros das aeronaves que operavam naquele local. A atitude mais adequada para a empresa foi optar pelo retorno da Guarda Montada. Esta foi constituída sob orientação de Omar Dick e Alberto Graeter Filho. O primeiro era chefe da Portaria e o segundo responsável pelo setor de organização terrestre. A função principal era vigiar as divisas do Estaleiro e das pistas do aeroporto que se localizavam em campo aberto, enquanto a segurança interna era realizada pelos funcionários encarregados das portarias.

A Guarda Montada realizava todos os serviços que um homem do campo ainda hoje faz. Alimentava, curava e limpava seus cavalos, e também, consertava cercas e muros. Para abrigar cavalos e cavalheiros foi construído um galpão, onde depois foi edificado o prédio de telecomunicações. Posteriormente, foi transferido. Para junto a estação de bombeiros, conforme declaração de Waldemar Rubin, responsável pelo grupo da Guarda Montada durante a sua existência. O animal aprendido que não fosse procurado por seus proprietários era encaminhado à Associação Protetora dos Animais, sob a direção de dona Palmira Gobbi. Com o advento do jato foi construído amplo muro de proteção junto a Avenida Sertório. Os animais foram substituídos por uma equipe motorizada. Os cavalarianos, depois de passarem por um período de adaptação, (nem todos) prosseguiram na sua lide diária, agora mais produtiva e menos desgastante. Nesta época o uniforme dos profissionais, ganhou novo estilo com túnica e calça de sargeline azul-marinho, camisa caqui modelo escoteiro, gravata e japona também azul marinho, chapéu cinza e botas pretas. Complementando uma capa da mesma cor da calça. Quando deixei a Varig, esse grupo era apenas uma passagem linda que ficou gravada na história do meu livro, corroída pela ferocidade implacável do tempo.

 

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