A VARIG TINHA SALVAÇÃO

A VARIG TINHA SALVAÇÃO

FERNANDO PINTO E O  “CHUTE NO BALDE”

Quando Fernando Pinto tomou conhecimento da complicada  situação da Varig, analisando o Balanço do ano, levou um susto  com o tamanho do rombo. Sabia que era grande, mas não  exagerado. Resolveu dar um “chute no balde” alertando ao pessoal da casa e tornando público, através da imprensa, a verdadeira situação da empresa e as armas a serem  usadas para reverter a situação, empregando a estratégia do programa- AS CINCO LIÇÕES DE COMO SALVAR UMA EMPRESA EM CRISE – mostrando o tamanho do bicho e como enfrentá-lo, entes que o assunto virasse mistério com a inércia da empresa – dava ao nosso pessoal  um caminho à seguir, num voo rasante  Para tanto elegeu a coluna do  jornal Folha de São Paulo, numa iniciativa do colega Luiz Mór, muitas vezes antecipando decisões que eram projetos, escancarando segredos, antes da aprovação geral , coisa que começou a gerar desconforto.

VARIG ANUNCIA A DEMISSÃO DE 2.4 MIL FUNCIONARIOS (Folha de São Paulo)

O presidente, Fernando Pinto, declarou a coluna, que a Varig deverá demitir cerca de dois mil e quatrocentos funcionários caso  se confirmem as previsões de queda de 5% na receita. A Varig tem cerca de 20 mil funcionários, entre eles um grupo seleto de comandantes, vistos como  intocáveis. (Assunto de economia interna considerado “tabu” na Varig, exposto sem o aval do Conselho)

VARIG DEIXARÁ DE OPERAR NA PONTE AÉREA (Folha de São Paulo)

A Varig vai deixar o “pool” de empresas que opera na Ponte Aérea Rio- São Paulo depois da divergência com os parceiro a decisão  será anunciada hoje hoje pelo presidente da empresa Fernando Pinto O DAC afirma não ter sido comunicado da decisão. Mas um dos acionistas da Varig ouvido pela Folha de São Paulo. confirmou a informação. A Varig decidiu deixar o “pool” por divergência  com a Vasp e a Transbrasil. As duas empresas com as quais divide operação da Ponte Aérea. De acordo com  o diretor de divulgação e imprensa da empresa, Jorge Honório, “ainda não fomos informados de nenhuma decisão, por isso pensamos apenas em hipótese”. O  ministro José Botafogo (indústria e comércio)  disse não ter conhecimento da comunicação da poderá refletir em aumento das tarifas ou paralização do atendimento. (Autêntico samba do “Crioulo Doido”)

PRESIDENTE DA VARIG É MANTIDO NO CARGO (Folha de São Paulo)

O presidente da Varig, Fernando Pinto, deverá continuar na direção da Companhia, depois de divergência quanto a sua permanência. O presidente do Conselho Administrativo da Varig, Walterson Caravajal, ex-diretor de Recursos Humanos da empresa (o mesmo que o indicou) chegou a propor a substituição de Fernando Pinto, por Nelson Bastos (Grandene) Representantes da Fundação Ruben Berta (87%) se opuseram pela demissão, causada pela atuação durante a crise da desvalorização do Real  – A  Companhia teve prejuízo de 60 milhões de dólares nos nove primeiros meses do ano passado( (24/04/99) A dívida chega a 1.8 bilhões, parte em dólares com flutuação do câmbio, conforme balanço. (Assunto que começava a ser bem equacionado, mas não era suficiente)

Retrocedendo a história, com a decolagem inusitada do presidente Carlos Willy Engels, após  apenas  um ano de mandato, sem deixar explicação razoável o cargo ficara vago.  O primeiro da lista era outro gaúcho –  Fernando Pinto, que havia se destacado de forma impressionante na presidência da Rio -Sul  – antecipando uma decisão que já estava amadurecendo. A Fundação tornara-se Holding- empresa que detém a maioria das ações de outras  empresas e que possui domínio  de sua administração e política empresarial tendo controle sobre outras  pessoas jurídicas. Depois de Rubel Thomas, (seu último presidente histórico) a Varig, através da Fundação, alterou o sistema organizacional, destituindo a figura do presidente, mandatário absoluto ( que antes dominava os três poderes) fortalecendo um Colegiado, que tinha dificuldade de entendimento   – A  Fundação RB controladora acionaria do Grupo e do Conselho de Administração, passou a ser ocupado  por Walterson Fontoura Caravajal, (ex-diretor de recursos humanos) e o engenheiro Edgar Nascimento Araújo, de relevantes serviços prestados à empresa.

Em  entrevista dada ao Jetsite, mesmo enfrentando ambiente de crise que atingia a aviação  comercial num todo, Fernando Pinto pós “mãos a obra” mostrando para que veio, no pouco tempo  que dirigiu a Varig (4 anos)- “Uma empresa dessas, perdeu o controle a coisa desanda”.-  Tínhamos problemas com o pessoal. Muita gente, por muito tempo, sem aumento ( resolvido na base do diálogo) O endividamento do balanço caiu de 2,4 bilhões para 950 milhões de dólares – A relação de endividamento com faturamento estava encaminhada. O produto estava muito ruim, defasado em relação a concorrência. Mudamos a frota. Os -B-747 foram todos substituídos pelos MD-11 – numa relação a custo beneficio.

A nova imagem corporativa adotada em 1996, ganhou relevância com a logomarca redesenhada com pintura dourado – ouro  passando a sensação  de nobreza, adicionando no azul escuro o nome Brasil, reforçando a identidade. Junto, o atendimento de bordo e em terra passou a receber cuidados especiais, recomeçando a conquistar seu público. Entretanto, tudo isso ainda não era sufuciente. O governo se mostrava reticente e faltava na Varig uma figura histórca, com influência política suficiente para reverter o quadro.  A PERSONAGEM TINHA NOME – CHAMAVA-SE OZIRES SILVA.

Fernando Pinto anunciou sua saída da Varig, em 11 de janeiro de 2000, em carta aos funcionários, com uma mensagem – TENHO CERTEZA QUE DEIXEI O GRUPO MOTIVADO COM GRANDES CHANCES DE SOBREVIVER- TENHO TRANQUILIDADE DE CONSCIÊNCIA PARA AFIRMAR ISSO – “A VARIG TINHA SALVAÇÃO”

Comments are closed.