BERTA, PASQUALINI E A CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO

BERTA, PASQUALINI E A CRIAÇÃO DA FUNDAÇÃO

Histórias da Varig nunca antes reveladas( 2)

Ajudando a criar a Fundação dos Funcionários da Varig em 1945, Pasqualini deu a alma do negócio e Berta materializou os fundamentos. Berta vivia um dilema. com a entrada do Brasil na guerra contra o eixo e saída de Meyer. A Varig passava momentos de incerteza, reforçados pela extinção da Condor e a prisão dos seus líderes   Antes de tudo, havia a certeza de que interesses ocultos tinham como meta absolver a Varig, considerando o fato uma certeza. Berta sabia do risco mas não encontrava uma solução prática capaz de resolver o problema. Nesta mesma época, antes de ingressar na vida pública (1946) surgia a figura do gaúcho Alberto Pasqualini, que defendia para o trabalhismo brasileiro uma corrente mais doutrinária, com perspectivas reformistas.(influenciadas pelo trabalhismo inglês) . Foi desempenho  que logo conquistou a admiração do homem da Varig.
Através do mecanismo da Fundação sois agora vossos próprios patrões” – Frase histórica de Berta, criando a Fundação dos Funcionários
Além dos conhecimentos profissionais Pasqualini era muito entendido em leis canônicas ( ex-seminarista) sendo influenciado, decisivamente, no uso das Encíclicas Rerum Novarum (1821) e  Quadragésimo  Ano (1931) concebendo assim o trabalhismo como profundamente humano e essencialmente cristão, de acordo com que pregava a verdadeira doutrina social da Igreja. Ele sustentava a necessidade da justiça social – a qual não seria alcançada pelo conflito entre grupos e classes, mas., somente pela conversão dos capitalistas aos princípios humanistas e cristãos – valores que Berta levou para construção da sua obra, dando aos seus integrantes um cabedal de benefícios ,conforme preconizara para o futuro do  país.
Ingresso no Colégio Deliberante – escolha da Direção passava pelo crivo dos membros em votação secreta nas Assembleias de fim de ano
Calcado na admiração recíproca entre os dois líderes, Berta encontrou  nos conceitos do ideólogo o caminho de um programa considerado o mais notável  para os seus propósitos, com um detalhe singular – transferindo ao próprio trabalhador  o comando da instituição através de uma Fundação dos Funcionários, gerida por um Colégio Deliberante
Na verdade, em 42, Berta já mandara um recado  falando aos acionistas;  ” A Varig vai ter de aumentar o capital  ou entregar metade da empresa ao funcionalismo”. A versão era, até então, de que Berta colocara  o assunto em deliberação da Assembleia, sem prévio aviso, pegando todos os acionistas de surpresa, sendo , no entanto, a proposta logo aceita. o que soava esquisito.
Parceria entre Berta e Pasqualini marcou os destinos da Varig
Correspondência trocada entre Pasqualini  e Berta (15/11/45) dá mostras da parceria entre ambos no envolvimento do projeto falando na reforma  dos Estatutos da Varig com a criação de uma Fundação dos Funcionários  proporcionando um serviço de assistência aos funcionários e familiares.” Quero, antes de tudo, felicitar o nobre amigo pela iniciativa digna de todo o apoio e consideração”  No trecho final o ideólogo  conclui > De minha parte sinto-me satisfeito de ver em vias de concretização as ideias pelas quais venho me batendo. 
Berta e a grande Família Varig no hangar, em São Paulo – As novas conquistas e as benesses da Fundação.
 Depois, então, como presidente da Fundação e em consequência, também da Varig, Berta fez verdadeira declaração de princípios  enfatizando a relação  entre o capital e o trabalho. definido em detalhes, o  que nortearia dai em diante, todos os passos da  Fundação e o desejo de cumprir à risca ,seus desígnios –  coisa que posso afirmar, de peito aberto, pois tive ocasião de acompanhar e participar intensamente de todo esse processo. inclusive como membro do Colégio Deliberante por 20 anos, até minha aposentadoria.

 

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