PADRONIZAÇÃO DA FROTA

PADRONIZAÇÃO DA FROTA

A solução que Berta idealizava e não teve tempo de realizar

Uma frota única representava milhões de dólares em poupança.

Um super hangar foi construído em 1955 para abrigar o Super Constellation e dar condições para a equipe de manutenção realizar um serviço de alta tecnologia.

Com os aviões comprados diretamente da fábrica pela primeira vez  em 1955, Berta vislumbrou o caminho para uma frota mais homogênea com infraestrutura de hangar especialmente construído e pessoal técnico com treinamento específico aumentando a qualidade de serviço . O sonho, no entanto, durou pouco. Logo depois do Super Constellation  chegaram o Caravelle e o Boeing -707 , todos construídos por fábricas diferentes, agravando ainda mais o problema  da padronização.

O Caravelle, com apoio do presidente Juscelino, deu para a Varig o pioneirismo da era do jato no Brasil

A Varig crescia – Berta tentava unificar a frota mas as circunstância  não favoreciam. Por uma série de dificuldades pontuais nem sempre as aeronaves disponíveis, incluindo a negociação, eram do mesmo fabricante. A concorrência avassaladora não dava tempo para esperas. Era pegar ou largar. E o sonho da igualdade da frota, com equipamentos da Lockheed, Sud Aviation e Boeing, além de outros fabricantes, ficava cada vez mais distante. Nem sempre querer é poder. Berta sabia que uma empresa com frota padronizada representava incrível avanço operacional. Poderia concentrar conhecimentos e capacidade técnica em um único equipamento. reduzindo tempo de treinamento e mão de obra simplificando as tarefas.. A tripulação e o pessoal da manutenção poderiam operar com muito mais eficiência e qualidade. Haveria uma acentuada redução  do número de peças estocadas nos almoxarifados. O serviço da pista ganharia em agilidade.

Berta e o Boeing – 707 / Jato que mostrou ao mundo o melhor serviço de bordo e uma manutenção impecável alavancando uma trajetória vitoriosa

Com voos para o exterior teriam reduzidos os trabalhos nas bases, diminuindo  a necessidade de manter gente especializada para cada tipo de equipamento, tudo com peças, motores, hélices e turbinas sobressalentes, gerando um custo extravagante dada a diversidade de material. Concentrar conhecimento e capacidade de mobilização em uma frota única representava milhões de dólares em poupança, objetivo  que Berta perseguia mas não conseguia atingir. Ficava entre a cruz e a espada. A Varig tinha pressa para crescer Precisava enfrentar a modernidade da concorrência. Correr riscos era a solução mesmo sabendo da dificuldades. Não  havia tempo hábil para vacilação. No entanto a padronização da frota  tornou-se cada vez mais complicada. Na era Berta a Varig utilizou dezenas de aviões de fabricação diversificada, o que sempre dificultou seus ganhos na área internacional.

Sorriso encabulado de Berta na frente do Electra – avião inicialmente rejeitado pelo presidente que se tornou um ícone na historia da nossa aviação

Em 1966 a companhia tinha sete aviões de três tipos de células e três tipos diferentes de turbinas, além da diversidade existente na frota doméstica. resultado da absorção da Real e da Panair. Alguns dias antes da morte prematura de Berta ( dezembro de 66) ele garantiu em documento em nosso poder que  “a empresa só se curará desse mal quando fixar a padronização para dois tipos de jatos ou possivelmente de um a  três tipos de aviões domésticos, em lugar dos sete hoje existentes, coisa prevista para acontecer em meados de 1968, quando inclusive a empresa espera abrir mão das subvenções do governo brasileiro”. 

Com o ingresso do Convair 990 A e sua modernidade, a Varig completou um ciclo que a consagrou como líder na América Latina, apesar das dificuldades da falta de padronização da frota nos anos 60
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