UMA FIGURA CARISMÁTICA

UMA FIGURA CARISMÁTICA

HARRY SCHUETZ – O “TIO PATINHAS” DA VARIG

DEPOIS DE MEYER E BERTA, TORNOU-SE A PRÓPRIA BANDEIRA DA VARIG

Berta trouxera Erik de Carvalho da Panair, para substitui-lo no comando da Varig – Contrariando determinação legal (era vice-presidete) abriu mão do cargo fazendo valer o desejo de Berta, figura que venerava – Os anos 70 foram mágicos no destino da Varig

Harry Schuetz, na era Berta, foi certamente o mais importante e influente personagem na história da Varig. Enfrentou ao lado do presidente as lutas mais encarniçadas, atuando sempre na retaguarda, dando um suporte que só ele conseguia, partilhando segredos com Berta, vitais para as mais fortes decisões, como o evento da Fundação dos Funcionários da Varig, em 1945. Berta tinha em Schuetz uma confiança ilimitada ao ponto de entregar-lhe as chaves do cofre em Nova York, dividindo secretamente os  mais importantes segredos da Varig.

Harry Schuetz foi figura carísmática na história da Varig

Foi eleito vice-presidente da Fundação, aclamado pelo Colégio Deliberante, sem jamais  postergar o  cargo. Sabia que Berta tinha pinçado Erik de Carvalho da Panair, para substitui-lo, contrariando o desejo da Assembleia, mas respirou aliviado, preferindo servir a Varig numa posição estratégica em que se achava alinhado pronto para continuar dando sua leal  e prestimosa contribuição a empresa   Com a morte de Meyer e Berta, Schuetz tornou-se a própria bandeira da Varig, fazendo  valer os desejos de Berta, ganhando a referência do seu povo – todos nós o considerávamos um líder humano e eficiente, de coração grande, livre de ambições desenfreadas visando  sempre o melhor para a Varig

Ele tinha cuidados de quem se aproximava da intimidade de Berta, sem adivinhar suas reais intenções. Acreditava de inicio na boa fé das pessoas, mas era reticente, talvez pelo fato de responder pela riqueza da empresa e subsistência de milhares de famílias. Certa vez, quando viajei pela primeira vez para Nova York, fui recebido  em seu escritório, quando me fez uma revelação emocionado. Preparando para contabilizar o Caixa, confessou que passara a noite em claro, na véspera de saldar a folha salarial dos funcionários, pensando na responsabilidade que assumia perante milhares de famílias que dependiam do sucesso da empresa para seu sustento.

Harry Schuetz foi uma figura carismática da Varig, sendo considerado o braço direito de Berta, para quem confiava a sagrada missão das finanças da empresa.  Carinhosamente chamado de “Tio Patinhas “gozava da estima, sendo muitas vezes a tabua de salvação nos empréstimos de última hora na Fundação. Tive a oportunidade de conviver com ele e testemunhar seu empenho ao lado de Berta para fazer da modesta  companhia regional que era a Varig, um empreendimento gigante capaz de conquistar o mundo. O presidente apreciava seu desempenho, mantendo em dia as finanças da empresa nos momentos de grande crescimento Considerava, ainda, o que a Varig representava para o próprio país, além da responsabilidade na execução dos negócios no exterior, sempre complexos  com margem mínima de erro. Assim como Berta, era dedicado ao extremo, sendo possuidor de uma personalidade forte, mas cativante pela pureza e correção do desempenho.

Em 1979, Erik de Carvalho renunciou a presidência, incapacitado por sério problema de saúde, tendo Harry Schuetz assumido  a presidência, posição que ocupou até o ano seguinte, desligando-se das funções. Ele  ingressara na empresa em 1937, quando a Varig completava dez anos vivendo ainda uma época  pioneira, contando  apenas com 25 funcionários. Entusiasta da  aviação, fez curso recebendo o brevê de piloto civil  e carta de piloto de aeronave, mas  nunca foi liberado por Berta das suas funções, por depositar nele uma total confiança. Também empolgado pelo voo à vela, participava das atividades aero desportivas desenvolvidas pela VAE (Varig Aéreo Esporte) .

Foto – Acervo museu

Harry Schuetz era gaúcho, natural de Santa Cruz. Veio a falecer em 3 de maio de 1983 – assim como Berta, no Rio de Janeiro, sofrendo enfarto que lhe tirou a vida, aos  66 anos. Quando estávamos organizando o  Museu da Varig, recebemos da família, através de dona Walda Schuetz (esposa) farto material histórico, cuidadosamente guardado pelo presidente, que veio enriquecer o acervo no local dedicado aos grandes heróis da Varig

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