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OZIRES SILVA E A VARIG

OZIRES SILVA E A VARIG

OZIRES SILVA – UM TIRO NO PÉ QUE MATOU A VARIG

  

 COM A ESCOLHA ESTRAMBÓLICA DE OZIRES SILVA  VARIG ACABOU DANDO UM TIRO NO PRÓPRIO PÉ, PASSANDO PARA TAM O DOMINIO DOS ARES.

Em 2000, já presidente da Varig, Ozires Silva recebeu a visita de Dilma Rousseff, então personagem  pouco conhecida no Partido dos trabalhadores, pedindo apoio da Varig , escutando um sonoro NÃO –  (era o começo do fim) A empresa não tinha dinheiro  e vivia uma crise difícil de ser contornada.. Em situação semelhante, também sem dinheiro vivo, Berta contornava a situação oferecendo dois aviões DC-3 com tripulação e combustível, especialmente  preparados  com novo tipo de configuração de cabine, incluindo poltronas – leito, desde as refregas  entre Getúlio e Eduardo Gomes. somando pontos capaz de agradar gregos e troianos.

Sem ninguém com cacife para socorrer a Varig, em seu próprio meio, a solução era buscar um nome  tradicional, carimbado, capaz de ter acesso  as grandes tramoias políticas, ganhando um tempo que cada vez sufocava mais. e a Fundação não ajudava . A escolha de Ozires Silva  caia como um luva, Ele mantinha um currículo impressionante – Cerca de 50 condecorações nacionais e internacionais atestavam sua passagem  fantástica no setor aéreo brasileiro e internacional  – sendo nome  consagrado e respeitado, com ampla penetração em qualquer governo. Na área industrial fora fundador e presidente da Embraer,  primeira fabrica de aviões no Brasil, convencendo o presidente Costa e Silva, no Regime militar, da importância estratégica que tal  evento traria no desenvolvimento  avançado da Nação..

Na época, FHC  governava o Brasil pela segunda vez consecutiva (derrotando Lula  nas duas eleições.) O  governo tinha como ministro do desenvolvimento e indústria, Alcides Lopes Tápia (amigo pessoal de Ozires) que era quem definia a ajuda às empresas de aviação a criar uma nova política para o setor – inclua aí um Plano de ajuda para salvar a Varig, coisa fundamental para escolha de Ozires Silva, assumir a presidência  da companhia – abrindo um espaço de diálogo e participação, até então afanosamente perseguido –  mas, parecia que tudo conspirava. No meio do caminho, Ozires foi surpreendido com uma notícia desagradável – Fernando Henrique anunciava que o Plano de Ajuda estava suspenso e tudo o que fora feito, ate então, não podia mais ser levado em consideração.

A Varig apoiou vencedores ignorando Lula da Silva, deixando campo aberto para  a atenta TAM preencher os  espaços  liberados para uma decolagem perfeita, de quem aguardava o momento certo para dar o bote. O  sucesso da Varig em nome de um Brasil grande, no tempo da ditadura militar, engasgava figuras como Lula, Dilma, Antônio Palocci e José Dirceu.
Fernando Henrique e o Plano para salvar a Varig
Havia um compromisso tácito de transferir para a TAM o comando da aviação no País e acabar com o mito Varig. Quando eleito, .em três anos de campanha,, a TAM transportou Lula para 89 cidades, fez 108 comicios e permaneceu cerca de 200 horas voando dentro de um avião da TAM, coberto de regalias. Daniel , Mandeli  presidente da Companhia ( sucedendo a Rolim Amaro) e José Dirceu, tornaram-se amigos íntimos resultando daí uma trama urdida capaz de transformar a Varig gigante, num arremedo. Questionado como resolver o problema da Varig, Zé Dirceu respondeu – “A saída da Varig e a fusão com a TAM ficando com 97 por cento de participação acionária, deixando os restantes 3 por cento para a Varig. É a única solução para uma empresa quebrada”
Lula recebeu da TAM o apoio que a Varig desdenhou. Passou a ser transportadora oficial do PT durante as campanhas presidenciais que seguiram -se
Na verdade, o ingresso de Ozires Silva no comando da Varig, com apoio de FHC, tinha fechado as portas para qualquer dialogo futuro. A   direção da Varig (alguns dos seus membros) ingenuamente, chegou a comemorar a vitória de Lula, considerando o PT  um partido de trabalhadores incapaz de aceitar sem restrições, o desemprego de milhares de funcionários, na sua maioria especializados em técnicas profissionais do mais elevado nível – mas o governo de Lula preferia “falar como o diabo” do que dialogar com o pessoal da Varig, que lhe negara apoio e cujo presidente era estrela brilhante de um governo militar marcado pela ditadura.
Presidente comemorando a vitória à sua maneira
Brizola afirmava em praça pública; ” O ministro – chefe da casa civil participa de uma negociata para beneficiar a TAM e manipular o presidente Lula.  Dilma,  então ministra de energia, foi contra qualquer tipo de acordo e passou a cobrar  o combustível de forma antecipada. Aviões da Varig impossibilitados de levantar voo ficaram em terra. O resto todos já  sabem.  Por sua vez, Ozires Silva, não tinha mais nada a ver com o novo governo e sua presença tirava qualquer possibilidade de algum acerto.  A decisão de mudar a presidência da Varig partiu do Conselho  Curador da Fundação Ruben Berta ( 87% do capital votante) O maior desentendimento de Ozires ocorreu com Yutaka Imagawa, presidente da Fundação, ocasionando demissão do cargo.
Sua atuação no comando da Varig foi medíocre. Na história da aviação mundial ele ficou conhecido como ” O HOMEM QUE CONVENCEU UM  PRESIDENTE DE QUE O BRASIL PRECISAVA FABRICAR AVIÕES “

OZIRES SILVA COMPLETA 90 ANOS E RECEBE COMANDA

Lenda da aviação, fundador da EMBRAER, Ozires Silva foi para a Varig um sonho de verão.

TEASER “NOVO PRESIDENTE”

TEASER “NOVO PRESIDENTE”

OZIRES SILVA – UM TIRO NO PÉ

DEPOIS DE DESCANSO SABÁTICO ( PAUSA PARA MEDITAÇÃO)

REVELAMOS, PELA PRIMEIRA VEZ, AS VERDADEIRAS CAUSAS 

DE UMA ESCOLHA DESTRAMBELHADA TROCANDO COMANDO

RESULTOU NUM TIRO NO PÉ, DANDO A VARIG O ATESTADO DE 

MORTE SACRAMENTADO, POR DECISÃO  DOS DIRIGENTES.

A VARIG TINHA SALVAÇÃO

A VARIG TINHA SALVAÇÃO

FERNANDO PINTO E O  “CHUTE NO BALDE”

Quando Fernando Pinto tomou conhecimento da complicada  situação da Varig, analisando o Balanço do ano, levou um susto  com o tamanho do rombo. Sabia que era grande, mas não  exagerado. Resolveu dar um “chute no balde” alertando ao pessoal da casa e tornando público, através da imprensa, a verdadeira situação da empresa e as armas a serem  usadas para reverter a situação, empregando a estratégia do programa- AS CINCO LIÇÕES DE COMO SALVAR UMA EMPRESA EM CRISE – mostrando o tamanho do bicho e como enfrentá-lo, entes que o assunto virasse mistério com a inércia da empresa – dava ao nosso pessoal  um caminho à seguir, num voo rasante  Para tanto elegeu a coluna do  jornal Folha de São Paulo, numa iniciativa do colega Luiz Mór, muitas vezes antecipando decisões que eram projetos, escancarando segredos, antes da aprovação geral , coisa que começou a gerar desconforto.

VARIG ANUNCIA A DEMISSÃO DE 2.4 MIL FUNCIONARIOS (Folha de São Paulo)

O presidente, Fernando Pinto, declarou a coluna, que a Varig deverá demitir cerca de dois mil e quatrocentos funcionários caso  se confirmem as previsões de queda de 5% na receita. A Varig tem cerca de 20 mil funcionários, entre eles um grupo seleto de comandantes, vistos como  intocáveis. (Assunto de economia interna considerado “tabu” na Varig, exposto sem o aval do Conselho)

VARIG DEIXARÁ DE OPERAR NA PONTE AÉREA (Folha de São Paulo)

A Varig vai deixar o “pool” de empresas que opera na Ponte Aérea Rio- São Paulo depois da divergência com os parceiro a decisão  será anunciada hoje hoje pelo presidente da empresa Fernando Pinto O DAC afirma não ter sido comunicado da decisão. Mas um dos acionistas da Varig ouvido pela Folha de São Paulo. confirmou a informação. A Varig decidiu deixar o “pool” por divergência  com a Vasp e a Transbrasil. As duas empresas com as quais divide operação da Ponte Aérea. De acordo com  o diretor de divulgação e imprensa da empresa, Jorge Honório, “ainda não fomos informados de nenhuma decisão, por isso pensamos apenas em hipótese”. O  ministro José Botafogo (indústria e comércio)  disse não ter conhecimento da comunicação da poderá refletir em aumento das tarifas ou paralização do atendimento. (Autêntico samba do “Crioulo Doido”)

PRESIDENTE DA VARIG É MANTIDO NO CARGO (Folha de São Paulo)

O presidente da Varig, Fernando Pinto, deverá continuar na direção da Companhia, depois de divergência quanto a sua permanência. O presidente do Conselho Administrativo da Varig, Walterson Caravajal, ex-diretor de Recursos Humanos da empresa (o mesmo que o indicou) chegou a propor a substituição de Fernando Pinto, por Nelson Bastos (Grandene) Representantes da Fundação Ruben Berta (87%) se opuseram pela demissão, causada pela atuação durante a crise da desvalorização do Real  – A  Companhia teve prejuízo de 60 milhões de dólares nos nove primeiros meses do ano passado( (24/04/99) A dívida chega a 1.8 bilhões, parte em dólares com flutuação do câmbio, conforme balanço. (Assunto que começava a ser bem equacionado, mas não era suficiente)

Retrocedendo a história, com a decolagem inusitada do presidente Carlos Willy Engels, após  apenas  um ano de mandato, sem deixar explicação razoável o cargo ficara vago.  O primeiro da lista era outro gaúcho –  Fernando Pinto, que havia se destacado de forma impressionante na presidência da Rio -Sul  – antecipando uma decisão que já estava amadurecendo. A Fundação tornara-se Holding- empresa que detém a maioria das ações de outras  empresas e que possui domínio  de sua administração e política empresarial tendo controle sobre outras  pessoas jurídicas. Depois de Rubel Thomas, (seu último presidente histórico) a Varig, através da Fundação, alterou o sistema organizacional, destituindo a figura do presidente, mandatário absoluto ( que antes dominava os três poderes) fortalecendo um Colegiado, que tinha dificuldade de entendimento   – A  Fundação RB controladora acionaria do Grupo e do Conselho de Administração, passou a ser ocupado  por Walterson Fontoura Caravajal, (ex-diretor de recursos humanos) e o engenheiro Edgar Nascimento Araújo, de relevantes serviços prestados à empresa.

Em  entrevista dada ao Jetsite, mesmo enfrentando ambiente de crise que atingia a aviação  comercial num todo, Fernando Pinto pós “mãos a obra” mostrando para que veio, no pouco tempo  que dirigiu a Varig (4 anos)- “Uma empresa dessas, perdeu o controle a coisa desanda”.-  Tínhamos problemas com o pessoal. Muita gente, por muito tempo, sem aumento ( resolvido na base do diálogo) O endividamento do balanço caiu de 2,4 bilhões para 950 milhões de dólares – A relação de endividamento com faturamento estava encaminhada. O produto estava muito ruim, defasado em relação a concorrência. Mudamos a frota. Os -B-747 foram todos substituídos pelos MD-11 – numa relação a custo beneficio.

A nova imagem corporativa adotada em 1996, ganhou relevância com a logomarca redesenhada com pintura dourado – ouro  passando a sensação  de nobreza, adicionando no azul escuro o nome Brasil, reforçando a identidade. Junto, o atendimento de bordo e em terra passou a receber cuidados especiais, recomeçando a conquistar seu público. Entretanto, tudo isso ainda não era sufuciente. O governo se mostrava reticente e faltava na Varig uma figura histórca, com influência política suficiente para reverter o quadro.  A PERSONAGEM TINHA NOME – CHAMAVA-SE OZIRES SILVA.

Fernando Pinto anunciou sua saída da Varig, em 11 de janeiro de 2000, em carta aos funcionários, com uma mensagem – TENHO CERTEZA QUE DEIXEI O GRUPO MOTIVADO COM GRANDES CHANCES DE SOBREVIVER- TENHO TRANQUILIDADE DE CONSCIÊNCIA PARA AFIRMAR ISSO – “A VARIG TINHA SALVAÇÃO”

FERNANDO PINTO E A RIO-SUL – O COMEÇO DE TUDO

FERNANDO PINTO E A RIO-SUL – O COMEÇO DE TUDO

ASSUMIR A PRESIDÊNCIA  DA RIO-SUL E DEPOIS DA VARIG, ERA COMO  ABRIR UMA ” CAIXINHA DE SURPRESAS”

A modernização da frota, com a aquisição dos jatos, deu a RIO-SUL projeção nacional,  competindo com a própria Varig, alcançando  lucros jamais contabilizados na rota do interior, tornando a figura de  Fernando Pinto, líder incontestável. A empresa foi fundada pela Varig e Top Taxí Aéreo  (24/08/76) atendendo determinação do governo para regularizar o sistema de aviação regional no País”.

A presidência da VARIG para Fernando Pinto, na ocasião, veio juntar-se ao sucesso da RIO-SUL que lhe abriu as portas para uma carreira meteórica, como uma caixinha de surpresas, considerando as proporções de uma regional e outra gigante internacional – Indicação  partiu de Walterson Fontoura Caravajal, presidente do Conselho da Varig, bem como do engenheiro Araujo , emprestando  total apoio.  – (Caravajal, na crise da Varig, foi o primeiro a pedir a cabeça do presidente, que ele havia indicado) O convite me pegou de surpresa. contou ele –  “Olha, quando entrei na RIO – SUL estava apenas preocupado em fazer meu trabalho recebendo a missão  numa novidade considerada incognita” De diretor técnico à presidência da RIO-SUL, em 92, sucedendo a Humberto Costa, foi consequência de uma atuação surpreendente, deixando escancarada a capacidade de liderança e inovação. Segundo declarações posteriores,  (Jetesete) ele revelou – “Não tinha nenhuma expectativa em assumir o cargo máximo tanto  na RIO-SUL, quanto na VARIG –  nesta última, mesmo sabendo que iria encontrar dificuldades em “clima de guerra”.

Em relação à VARIG, era uma empresa menor,  mais ágil, onde pode colocar em prática alguns dos conceitos que havia aprendido quando do estágio  na Airbus Industrie, para acompanhar o desenvolvimento da fabricação do A-300  experiência que lhe oportunizava chefiar  a divisão de motores no Rio de Janeiro – assumindo a direção técnica  e dai a presidência da RIO – _SUL  Representava atestado da sua capacidade  capaz de transformar uma companhia menor,  criada por imposição governamental do SITAR para regularizar o transporte aéreo regional,  fazendo a empresa alcançar excelência, atingindo o ápice no inicio dos anos 2000  levando a assinatura de Pinto, quando já se afastando, então para presidir a TAP, ao tempo que a  VARIG era consumida pela má gestão do seu substituto, cercado por dificuldades, após uma reestruturação confusa na Fundação Ruben Berta.

Pinto, revelou a imprensa,  que pela primeira  vez as rotas do interior do Estado passaram a ser  lucrativas, resultado  jamais alcançado em qualquer instância, valorizando empresa regional, algo  impensável nesse tipo de tráfico”. Com a chegada dos jatos Boeing 737-500 nos aeroportos centrais, “passamos a ganhar muito dinheiro,  chegando a um lucro que  ultrapassava de 20% sobre o faturamento” garantia ele.  Junto a isso,  Fernando Pinto lançava as raízes do que seria sua “bíblia”rezada em cada oração, sempre que enfrentava certo tipo de dificuldade”  –  5  LIÇÕES PARA SALVAR UMA EMPRESA EM CRISE que buscou aplicar na VARIG, sendo impedido no meio do caminho.

No  comando da RIO-SUL, Fernando Pinto empreendeu verdadeira  revolução, que foi desde mudança  na frota, incluindo o novo  o Fokker  50, turboélice da fábrica holandesa numa edição especial para atender a demanda crescente do mercado, com  avançado logotipo e pintura  moderna nas aeronaves.  Para enfrentar a concorrência da TAM, usou os jatos Boeing – 500. Fez completa remodelação  na configuração da cabine de passageiros, passando dos 133  para 108 assentos, gerando comodidade única que conquistava clientes  (estratégia de Berta, quando lançou o Super Constellation na rota de Nova York, derrotando a PANAM)

Em Porto Alegre, no inicio das atividades,  com o Bandeirantes, da Embraer, manteve sua estrutura técnica de manutenção em amplo hangar, dirigida pelo inspetor  Ademar Felippe, cedido  pela Varig, enquanto nosso grupo da Propaganda realizava uma eficiente campanha  de comunicação e marketing. Era desempenho conjunto  que dava fruto.  Entretanto, em 2004, em plena crise, a VARIG  absolveu a RIO_- SUL resultando dois anos depois  na sua exclusão, quando da falência da Varig, num episódio lamentável  marcando um dia negro para a história da nossa aviação comercial.

| TEASER | FERNANDO PINTO – UM VENCEDOR DERROTADO?

| TEASER | FERNANDO PINTO – UM VENCEDOR DERROTADO?

AFINAL, O QUE FEZ FERNANDO PINTO SER TOP DE MARKETING NA RIO-SUL – FRACASSAR NA VARIG E ALCANÇAR O APOGEU NA TAP, EM DECOMPOSIÇÃO ?

Aposentadoria me pegou de jeito, em 93. Entrei num período de abstinência, depois revivido com o livro Berta Os Anos Dourados da Varig. A saudade bateu forte, borbulhando na ideia do Blog – A Grande Família Varig (cachorro comedor de ovelha só matando) Da sombra nasceu a necessidade de acender dentro de mim a chama do jornalista investigativo, buscando esclarecer um episódio intrigante, tarimbado pela figura fascinante de Fernando Pinto, engrandecendo a história da aviação. Buscando na mídia da época, com algumas entrevistas, analisando depoimentos procurei desvendar o desafio, num episódio repleto de muitos Por que? trazendo aos nossos seguidores fieis, manchetes que não podia sonegar. No emaranhado das circunstâncias existiam detalhes valiosos de ambos os lados, Varig e a TAP, liderados por Fernando Pinto, oferecendo resultados conflitantes repercutindo em fracasso ou triunfo, revelando fatos digno de quebra-cabeças.
A GU A R D E M !

FERNANDO PINTO – CINCO LIÇÕES PARA SALVAR EMPRESA FALIDA

FERNANDO PINTO – CINCO LIÇÕES PARA SALVAR EMPRESA FALIDA

Uma das grandes vitórias de Fernando Pinto foi colocar tanto a Varig como a TAP no seleto grupo da Star Alliance. A Varig orgulhava-se em incorporar-se a essa gigantesca companhia virtual tendo um faturamento anual de 3 bilhões de dólares, servindo 121 cidades em 24 países, transportando 9,7 milhões de passageiros, numa média de 390 decolagens diárias – o que lhe valeu em 2006 o título de bicampeã como companhia aérea do ano.

PARA SAIR DA CRISE QUE CONSUMIA A VARIG, FERNANDO PINTO PÔS EM AÇÃO UM PLANO QUE IRIA LHE ACOMPANHAR PELA VIDA TODA – “CINCO LIÇÕES DE GESTÃO” PARA SALVAR UMA EMPRESA. BLOQUEADO NA VARIG. RECEBEU MATÉRIA DE CAPA DA REVISTA ÉPOCA NEGÓCIOS – “ COMO O GAÚCHO FERNANDO PINTO TRANSFORMOU A AGONIZANTE TAP – MAIOR ESTATAL PORTUGUESA, EM UMA COMPANHIA LUCRATIVA PRONTA PARA SER PRIVATIZADA”.

Quando assumiu a presidência da Varig, em 1995. Fernando Abs da Cruz Souza Pinto sabia das dificuldades que teria de enfrentar, mas ignorava o tamanho do buraco que ia se atolar. A passagem presidindo a Rio-Sul lhe dava cacife para uma gestão de qualidade. Era considerado revelação do “time” de casa – garoto com sangue pioneiro correndo nas veias, herdado do pai um dos maiores pilotos históricos da Varig do tempo dos planadores ao jato puro.

Entre os itens que pesavam na balança destacava-se o controle dos custos, coisa que ocupava, desde os tempos de Berta, a lista das grandes inquietações. Com Fernando Pinto não foi diferente, tornando-se matéria prioritária para quem buscava para a Varig uma reabilitação de poupança. Na época, a Fundação passava por uma grande reestruturação. Segundo a Folha de São Paulo (mais tarde usada pelo presidente como tribuna).

Premida pelas circunstâncias a Varig tinha pressa. Lutava contra o tempo e seus jatos despejavam querosene sem retorno, como lata de sardinha furada por todos os lados. E o governo ria à toa.
Na TAP apoiada pelo governo, o combustível sobrava. e Fernando Pinto podia dar vazão ao milagre da transformação aplicando seu programa das “Cinco Lições de Gestão” para salvar uma empresa em crise.

Cambaleante, cercado com a saída de Pinto, a Varig vinha mantendo tentativas de recuperação, alterando mudanças no seu comado, sem encontrar a bussola capaz de indicar o rumo certo a seguir. Dentro das prioridades das Cinco Lições” estava um item que marcava presença em todas as pesquisas.
Na oportunidade o presidente concedeu entrevista à nossa revista de bordo, Icaro, edição de ouro, quando a Varig completava seus 70 anos de vida. dando vazão ao seu espirito vocacionado à liderança. Vivia um estágio de euforia que contagiava.

Para uma empresa que tem um faturamento de US$ 3,3 bilhões, a nossa dívida de US$ 2,2 bilhões não é preocupante. Desde que a maior parte dela seja concentrada, como é o nosso caso, em aeronaves, seus bens de capital. Nossa preocupação é com uma parcela dessa dívida, que é de capital de giro, rolada do passado, e que precisa ser alongada para ter cada vez mais juros menores. garantia ele.

Fernando Pinto, através de um editorial, podia expressar toda a sua euforia pela comemoração da data simbólica, bem como ter a oportunidade de demonstrar sua satisfação pela conquista da primeira grande vitória no comando da empresas com o ingresso no seleto grupo da Star Alliance – capaz de lançar a Varig no cenário mundial da aviação, ao lado de gigantes, com marcas consagradas – United Airlines, Lufthansa, Scadinavian Airlines, Thai Airlines e Air Canada – num passo decisivo para o engrandecimento – detalhe considerado simbólico para sua gestão. Ser aceito como membro de um grupo formado por poderosas congêneres dava para a Varig abertura sonhada na sua expansão internacional.

Anos depois, ele foi cantar de galo em outro terreiro e portou-se tão bem que mereceu do governo português honrarias distribuídas a “chefe de estado”. Uma das ações priorizadas pela Varig era consenso geral, o enfrentamento dos altos custos, coisa pensada por Carlos Willy Engels no seu curto mandato, inspirando-se no êxito alcançado por Pinto na presidência da Rio-Sul, também deu continuidade ao controle dos custos. No complicado jogo de Xadrez que se metera a Varig não conseguia mexer as peças – morria de inanição – com a saída de Fernando transformou-se num tabuleiro sem Rei.

Com pilotos sobrando e aviões faltando, a Varig caminhava para a insolvência. Estatística do DAC (Departamento de Aviação Civil) tornada pública na imprensa gaúcha (Jornal/ O SUL) mostrava o quadro avassalador que dominava a Varig, perdida numa administração caótica – A empresa tinha um quadro de 1.923 pilotos para uma frota de 78 aeronaves, o que correspondia a média de 25 pilotos por avião, muito acima do padrão internacional que previa entre 6 a 10.

Considerando que não houve redução expressiva de profissionais e em contra partida entre 15 e 20 aviões deixavam de operar por motivos técnicos, reduzindo drasticamente o número de aeronaves, passando a média da companhia, nestes momentos, alcançar à marca inacreditável de 30 pilotos disponíveis por aparelho, mais que o dobro das companhias concorrentes – TAM (12 pilotos) – GOL (15 pilotos). Essa mão – de- obra qualificada da aviação respondia pela maior parcela dos custos da companhia, tornando praticamente inviável o esforço na missão de cortar os custos para equilibrar as finanças. ( continua)

TEASER – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

TEASER – TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO

Na Varig entrou aclamado – saiu contestado

Na TAP, Pinto cantou de galo – trocou o milho por ração balanceada.

Fez galinheiro português botar ovos de ouro.

No começo não foi bem assim…

-“Vocês não são bem-vindos, deveriam retornar ao seu Pais”

 

VOLTAMOS DEPOIS DO CARNAVAL COM  A LINGUA AFIADA,
REPLETA DE GRANDES MATÉRIAS,
ENVOLVENDO  A PANAIR E UMA ESPETACULAR
E INÉDITA DEBULHANDO OS POR QUE DA SAÍDA
DE FERNANDO PINTO  DA VARIG
E DEPOIS O SUCESSO COM A  TAP. IMPERDIVEL – AGUARDEM
A GRANDE FAMILIA VARIG ( MARIO)
FILHOS BASTARDOS (PARTE 2)

FILHOS BASTARDOS (PARTE 2)

VARIG COMPROU A REAL – UMA COLMÉIA SEM MEL

1) Eram milhares de funcionários desnorteados, sem rumo certo, como abelhas perdidas, sem Zangão  e nem Rainha, sem produzir mel.

2) A aquisição da Real Aerovias pela Varig, pressionada pelo  então presidente Jânio Quadros,(contando com promessas de ajuda) levou a Fundação, comandada por Berta, a comprar a  empresa, como  “nabos em saco”. Pagou por uma  organização gigantesca, à beira da falência, preço elevado (em dinheiro vivo) numa transação difícil de explicar. Lineu Gomes, enfraquecido por séria enfermidade, abandonou o barco, que ficou à  deriva. A Varig tinha sido escolhida pela sua boa administração, única capaz de absorver o contingente humano da operação, evitando uma tragédia social sem precedentes, com  o desemprego em massa de mão-de-obra qualificada, pondo em risco o futuro do sistema da aviação comercial no Brasil, incluindo a própria Varig.

Berta levou a Real como quem compra “nabos em saco”.

3) Em fins de 1960, Rubens  Bordini foi eleito vice-presidente da Fundação dos Funcionários, sendo nomeado vice-presidente da Varig. cabendo-lhe a difícil missão  de sanar as dificuldades que assoberbavam Berta, tornando-se  o calcanhar de Aquiles –  onde a grande parte do  pessoal emergente da Real regurgitava e merecia por isso uma atenção especial, sob pena da integração almejada por Berta jamais ser alcançada. A  parte podre do abacaxi estava onde o maior contingente dos “filhos bastardos” proliferava. Transferido para São Paulo, recebeu a missão de enfrentar o problema que mostrava-se preocupante.

4)Quando assim se dispunham as coisas, descobriu a Varig que o processo de decomposição  do Consórcio Real já havia avançado bem mais longe do que  supunham as mais pessimistas expectativas. Segundo Bordini me revelou, em matéria publicada na revista Contato da APVAR que eu editava, a situação era dramática – “Existiam  dividas antigas a pagar. Muita gente descontente. Desconfianças. Falta de apoio. Dificuldades agravadas por receita insuficiente. Os estoques das peças estavam esgotados. Os aviões em estado lastimável. Muito pessoal técnico sem o treinamento adequado.

5) Quando criou a  RAI (Rede Aérea Internacional) tendo a mão de Berta no comando. com dedicação total a Varig voava na busca da excelência, para conquistar o mundo. A frota da Real, integrada a Varig,  necessitava de ajustes pesados,(logo providenciados) enquanto seu pessoal técnico e tripulantes, enquadrados nos quesitos da Varig,  tornavam-se, com o tempo, prestimosos colaboradores integrados no corpo de elite da Pioneira.- formando sem atrito – um grupo monolítico, ajudando a trazer resultados positivos no esforço capaz de vencer os desafios da expansão da malha, alcançando Lima,  Bogota, Caracas, México, Miami e Los Angeles – ao mesmo tempo que alavancava subsídios para a  Fundação dos Funcionários melhor exercer sua função social, dando atenção  ao problema que lhe causavam inquietação. Por sua vez a RAN ( Rede Aérea Nacional) capitaneada por Rubens Bordini  dava seguimento ao trabalho pioneiro, durante dois anos, capaz de transformar o limão azedo numa doce limonada,

 

 
FILHOS BASTARDOS (1/2)

FILHOS BASTARDOS (1/2)

INICIALMENTE, PARA O PESSOAL  DA VARIG, QUEM VINHA DA REAL  ERA  CONSIDERADO FILHO BASTARDO  (CONCEBIDO FORA DO CASAMENTO) 

QUEBRAR ESSE TABU REPRESENTAVA MISSÃO INGLÓRIA PARA BERTA E LHE TIRAVA HORAS DE SONO  ( ELE JÁ ERA INSONE POR NATUREZA)

As máquinas se ajustavam com perfeição  –  mas as pessoas não eram máquinas.

Falando aos membros do Colégio Deliberante, em dezembro de 61, Berta confessou sua preocupação quanto a absorção do contingente humano que representava aquisição da Real Aérovias, pedindo a colaboração de todos ao intrincado assunto que lhe causava preocupação – até que ponto a Fundação seria atingida com o ingresso tão elevado, na missão de distribuir as mesmas benesses que norteavam sua existência e como seria aceita tamanha introdução, capaz de por em risco os méritos conquistados?

No episódio da compra da Real, a Varig tornou-se a única companhia aérea brasileira a dominar o mercado nacional,  onde a Real dominava, num “avanço desmesurado, ainda fora de tempo” capaz de causar alguma dificuldade no manejo dos negócios- enfim, estava-se invertendo o adágio popular -” O menor engole o maior.”

Berta não queria, querendo. A aquisição desordenada de uma empresa de grande porte –  a beira da morte –  representava figura capenga do menor engolindo o maior, obrigando Berta a fazer “das tripas o coração” Na enorme operação  que transformou a Varig regional em gigante, muita água rolou pela ponte, novela escrita  em capítulos históricos, digno de romance, que eu iria acompanhar de perto.

Fora admitido na Varig em julho de 54, já vivendo a experiência do suicídio de Vargas e quanto tudo isso representava para a Varig. Em 1958, tendo Berta com pulso de ferro defendendo os interesses da Varig, segui de perto  o desfecho de uma refrega entre dois gigantes da nossa aviação comercial – o líder da Varig, rebatendo ataques recebidos de Lineu Gomes, tendo frase lapidar de repercussão na mídia – ” Nem as dificuldades, nem malícia, porém, conseguiram acorcundar a Varig  (em alusão ao concurdinha símbolo da Real) que manteve o Ícaro (símbolo da Varig) de peito ao vento e de cabeça erguida, bem representando o espirito da companhia e  caráter dos seus homens”.

Em 31 de dezembro de 1961, Berta fez uma declaração histórica perante os membros do Colégio Deliberante da Fundação, esclarecendo em detalhes e oficialmente, o episódio da compra da Real: “Atendendo a um apelo do ex-presidente Jânio  Quadros, entrou a Varig em entendimentos com suas congêneres internacionais no sentido de um maior entrosamento das linhas exteriores, do que resultou primeiro na compra de 50 % das ações da Aerovias Brasília e mais tarde a aquisição do  Consórcio Real. através da Fundação. Assim, a cargo da Varig,ficaram cerca da metade do volume dos transportes domésticos e cerca de 60% do volume das linhas internacionais brasileiras. No discurso de 62, afirmava Berta- “terá de ser reestruturado esse  enorme organismo que tem linhas desde a América do Sul, para vários pontos dos Estados Unidos até a Ásia e no qual funcionam cerca de 100 aviões e trabalham mais de 10 mil funcionários”.

Segundo Berta, a Fundação intervirá no assunto através do controle de 50% das ações da Varig. “O empenho em que a Fundação terá que se esmerar  nos próximos anos, será o de criar serviços substanciais dentro da organização da Real, cujo funcionalismo deve vir a gozar dos mesmos benefícios que atingem o pessoal da nossa empresa”. Berta tornava público, pela primeira vez, a revelação de um fato que lhe trazia enorme aflição, capaz de envolver a Varig num  beco sem saída” Como se daria a absorção de um contingente tão volumoso, heterogênico, desgastado por constantes mazelas internas, reforçadas por discussões públicas entre seus líderes, incluindo dificuldades no âmbito trabalhista. Eram detalhes que se bateriam com o espírito disciplinado, obreiro,  do seu pessoal –   e até que ponto a Fundação seria atingida na difícil missão de distribuir para os” filhos bastardos” as mesmas  benesses, oriundas de vida sem atribulações, garantindo, até então, continuidade de uma existência  incapaz de empobrecer a raiz ?